
Expansão no uso de bioinsumos é tema na Expointer
A utilização de microrganismos para promoção do crescimento das plantas e controle de pragas agrícolas, produtos conhecidos como bioinsumos, vem avançando na agricultura, mas ainda há muito espaço a ocupar. Este foi o tema abordado pelo painel “Bioinsumos em foco: qualidade, inovação e futuro no campo”, promovido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) nesta segunda-feira (1/9), no auditório do governo do Estado, no Pavilhão Internacional.
“Uma das metas do Plano ABC+RS é expandir a adoção de bioinsumos para um milhão de hectares no Estado, então precisamos conversar sobre os desafios postos para atingir esse objetivo”, destacou o coordenador do Plano, Jackson Brilhante, na abertura do evento.
O conselheiro fundador da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio), Solon Araújo, apresentou um panorama sobre a produção de bioinsumos no Brasil, destacando o histórico nacional na pesquisa e produção de inoculantes para soja, com início no Rio Grande do Sul, a partir da década de 1950.
“Em 2024, foram comercializadas mais de 205 milhões de doses de inoculantes, frente a 148 milhões em 2023. O Brasil é o país com maior uso de inoculantes de soja no mundo, a taxa de adesão nas safras mais recentes é de 82%. Apesar do pioneirismo, o Rio Grande do Sul apresenta o menor índice de utilização de inoculante de soja no país. Muito disso se deve a um mito de que não precisaria de inoculantes para repor agentes microbiológicos, pois estes já estariam presentes no solo gaúcho”, ressaltou.
Para Solon, os principais fatores de crescimento no uso de bioinsumos estão ligados à pressão da sociedade para produtos menos poluentes, intensificação das pesquisas, maior oferta de agentes microbiológicos, divulgação de resultados sobre sua eficiência, evolução na qualidade dos produtos e a própria conscientização do agricultor.
Futuro dos bioinsumos
O mercado total dos produtos biológicos no Brasil é de quase R$ 7 bilhões, mas ainda há margem para crescimento, de acordo com Solon. “Estamos com um cenário de registros mais frequentes de bioinsumos para outras culturas, como algodão, café, citros, entre outros, além de pesquisas promissoras na utilização em lavouras de arroz irrigado. Também há previsão de crescimento no uso de biofungicidas”, enumerou.
A coordenadora técnica da empresa Agronômica, Rita Santin, destacou que o futuro dos bioinsumos passa pela descoberta de novas espécies e cepas, além de pesquisas sobre soma de funções ou utilização de mais de um microrganismo. “Formulação de bioinsumos com tecnologia UV, estabilizantes e mitigadores de estresse hídrico são algumas possibilidades. No solo brasileiro, há uma riqueza muito grande de microrganismos, que podem ter inúmeras funcionalidades”, complementou.